Decidimos nosso futuro em termos profissionais na adolescência, quando escolhemos qual curso técnico ou superior iremos fazer e a qual profissão queremos nos dedicar. Fazemos isso baseados em informações de familiares, terceiros e no que pensamos ser a atuação como profissional. Neste momento ainda não temos claro o conceito do que é profissão e de que forma desenvolveremos nossa carreira. Em nossa cabeça adolescente, os dois universos se complementam, isto é, “em função da profissão que tenho, vou desenvolver minha carreira nesta área”.
Entretanto, cada vez mais se torna comum a falta de sintonia entre o curso que nos qualificou e aquilo que efetivamente fazemos no trabalho / profissionalmente. É muito comum ouvirmos dos estudantes, que não sabem porque estão cursando uma matéria em específico, pois nunca irão utilizar ou aplicar este conhecimento. Tal discrepância também pode ser observada nos pré-requisitos, em termos de formação acadêmica, solicitados pelas empresas nos processos seletivos, tanto para estágio quanto para trainees, onde já vemos uma amplitude de cursos de formação que nem sempre são condizentes com o segmento de atuação da empresa ou com as atividades a serem exercidas.
Se por um lado as empresas aproveitam os estudantes em atividades diversificadas, independentes do curso de graduação, por outro, quando converso com estudantes de penúltimo ano, vejo que faltam informações sobre como irão atuar dentro de uma empresa, quais serão suas reais possibilidades em termos de campo de trabalho, evidenciando um descompasso bastante grande entre o sonho e a realidade.
Temos que considerar ainda um outro grupo de pessoas que ingressam no mercado de trabalho e posteriormente vão cursar o nível superior. Normalmente estas pessoas necessitam custear seus estudos e acabam por escolher uma faculdade levando em consideração um dos seguintes aspectos: as atividades que já desenvolvem ou a obtenção de um diploma face a valorização que consideram que poderão ter no mercado de trabalho. Infelizmente a expansão da oferta de cursos de nível superior não teve a mesma contrapartida em termos de qualidade e acabou por gerar nos estudantes falsas expectativas. Por outro lado, com o aumento do número de profissionais com nível superior cresceu também a exigência desta formação por parte dos empregadores, mesmo sem ser necessária para o desenvolvimento da atividade.
Por isso, não me surpreendo no contato com profissionais atuantes no mercado de trabalho quando relatam que estão preocupadas com o amanhã, não porque almejam crescer e não veem perspectivas no empregador atual, mas sim porque não estão satisfeitas com os rumos que suas carreiras tomaram. O que as angustia mais é que caminho tomar e se isso será possível face a idade, necessidades financeiras, mercado de trabalho, etc.
Mudar a trajetória é uma atitude difícil, mas que pode levar a grandes recompensas, pois sua qualidade de vida pode melhorar. Sentir-se recompensado com o trabalho que desenvolve, satisfeito com o resultado obtido, bem-sucedido em seu empreendimento, tem um valor muito grande para nossa autoestima, fazendo com que este ciclo se retroalimente, motivando a continuidade do investimento naquilo que estamos fazendo. Quando experimentamos a satisfação com o resultado, esta experiência reforça o comportamento de perseverar neste sentido, então a mudança deixa de ser temerária em prol de um novo horizonte. Os riscos também existem, porém, continuar a percorrer um caminho que consideramos infrutífero traz consequências negativas tanto para nossa saúde física quanto mental.
O melhor investimento que cada um de nós pode fazer é realizar apostar naquilo que acredita. Se isto puder ser aplicado em sua vida profissional com certeza você poderá ser uma pessoa mais realizada.