Relacionamentos afetivos no ambiente de trabalho

relacionamentos afetivos no ambiente de trabalho 1Recentemente comemoramos o Dia dos Namorados e nada melhor para estimular a reflexão a respeito das relações afetivas no ambiente de trabalho. Se considerarmos uma jornada de no mínimo oito horas dedicadas à empresa, além de almoços, cafés, reuniões, conversas no corredor, “happy hours”, contatos digitais (e-mail, WhatsApp, etc.) é comum o estreitamento de laços de amizade entre colegas. Considerando que dedicamos mais de um terço de nosso dia ao ambiente profissional, não é de se estranhar que essas relações possam se transformar em um relacionamento sério de namoro ou até casamento.

Algumas empresas adotam políticas restritivas a respeito de relacionamentos afetivos no ambiente de trabalho avaliando os impactos que acarretam para a organização. Mas, optei por focar esta análise no impacto dessa relação nos envolvidos, independentemente da existência de políticas organizacionais. Pode também dar uma luz à situação para aqueles que lidam com esta situação no dia a dia como gestores, estimulando a definição de formas de conduta.

Trabalhar junto com alguém que se ama acarreta em aspectos positivos como sinergia de esforços. A preocupação em não deixar o relacionamento pessoal interferir no profissional faz com que os envolvidos se dediquem para a consecução dos objetivos que lhe foram delegados, por vezes, de forma mais intensa. O prazer de fazer algo junto também pode contribuir neste sentido pois traz sinergia para a relação. Por outro lado, aspectos mal resolvidos na vida pessoal podem interferir negativamente no atingimento dos resultados.

Quando esta relação envolve chefia e subordinado (a), traz ainda mais dificuldades. Assédio sexual, protecionismo, não aceitação pelos demais membros da equipe, são alguns dos pontos a serem considerados. Como lidar com desempenho insatisfatório, demissão ou promoção, cobranças excessivas, são outros contrapontos a serem pensados.

Quando tudo dá certo, a relação progride e se estabiliza, as nuvens parecem se dissipar. Entretanto, nos momentos conturbados, quando um está em baixa e outro em alta dentro do mesmo ambiente, tanto a relação pessoal quanto profissional podem se deteriorar.

O progresso profissional pode interferir no relacionamento interpessoal e causar desgastes, pois nem sempre os objetivos organizacionais são condizentes com a realidade do casal. A competição entre os dois também pode ser outro aspecto agravante, principalmente quando são pares dentro da equipe e a promoção de um pode ser o insucesso do outro.

Trabalhar junto exige dos envolvidos muita maturidade para lidar com as dificuldades que surgem no relacionamento pessoal e/ou profissional.

O mesmo se aplica quando falamos em sociedade. Muitos empreendimentos são geridos por casais. Muitos dão certo. Mas todos já ouvimos falar de separações / divórcios que impactaram negócios bem-sucedidos. Como também já ouvimos falar do contrário, isto é o naufrágio do negócio levando a separações / divórcios.

Nossas emoções não são geridas de forma tão racional e quando nos apaixonamos tendemos a não avaliar com “olhos de ver”. Em nossas relações, buscamos um perfil que nos complemente. Quando somos os atores principais, necessitamos de um coadjuvante. Se somos os líderes precisamos de liderados. Portanto, em qualquer relação temos que avaliar se estamos dispostos a exercer o papel complementar para o nosso parceiro.

Considero que o que importa é estar na direção da sua vida. Avaliar as consequências faz parte desta diretriz. Se você considera que estabeleceu uma relação afetiva promissora, mas que pode interferir negativamente em sua trajetória na área ou organização onde ambos trabalham, por que não pensar em uma transferência para outro departamento, uma mudança de emprego ou outra alternativa onde não tenham essa exposição.

Se hoje são sócios, avaliem e estabeleçam uma relação comercial com regras pautadas incluindo até como dissolver eventualmente esta sociedade.

Se você pensa em montar um empreendimento com este parceiro, avalie primariamente a compatibilidade profissional, o quanto cada um vai contribuir financeiramente, horas de dedicação e background para o negócio. E aí, vale a sugestão acima: definam as regras do jogo.

Manter o equilíbrio destas duas facetas da vida é primordial. Avalie o que é mais importante neste momento e como você irá compatibilizar esse relacionamento e invista neste sentido. Sempre os dois envolvidos devem ter consciência das vantagens e do preço a pagar, aí sim poderão investir de forma consciente neste relacionamento.